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Aborto em casos de estupro: a falsa dicotomia entre defender a mulher e a vida

ARTIGO –  A sociedade insiste em nos rotular e dividir, criando uma falsa oposição entre defender a mulher e defender a vida. É como se a compaixão por uma anulasse a outra. Mas será que não podemos, de fato, defender a dignidade da mulher e, ao mesmo tempo, proteger a vida humana?

A utilização de forma pejorativa da expressão “PEC do Estupro” é uma distorção da realidade que visa manipular a opinião pública e impedir o avanço da proteção à vida. 

A vítima de estupro já sofreu um trauma inimaginável, e a PEC busca proteger a vida inocente que foi gerada em meio a essa violência.

É fundamental oferecer apoio e acolhimento à vítima, com acompanhamento psicológico, social e legal, para que ela possa superar a violência sofrida e reconstruir sua vida. Mas isso não justifica a eliminação de uma nova vida.

O aborto não é a solução para o estupro. Ele não apaga o trauma, nem resolve os problemas da vítima. Estudos apontam que o aborto pode, inclusive, agravar o sofrimento psicológico, desencadeando quadros de depressão, transtorno de estresse pós-traumático, além dos riscos à saúde física, como infecções e hemorragias.

Em vez de eliminar a vida, devemos buscar soluções que promovam a dignidade da mulher e a proteção da vida humana.

A adoção é uma alternativa que oferece ao bebê a chance de ter uma família e um futuro, e à mulher, a possibilidade de seguir em frente com sua vida. A adoção é um ato de amor que pode transformar a vida tanto da criança quanto dos pais adotivos.

Em vez de defender o aborto como única solução, por que não lutar por políticas públicas que previnam o estupro, que apoiem as mulheres durante a gestação e a criação dos filhos?  

As mulheres sabem o que é ser oprimidas, discriminadas, ter os direitos negados. Elas lutam por igualdade, por justiça social, por uma sociedade onde todos tenham as mesmas oportunidades. Mas como podemos defender a justiça social se negamos o direito à vida aos mais vulneráveis, aos que ainda não podem se defender? 

O aborto, especialmente em casos de gravidez indesejada, muitas vezes atinge as mulheres mais pobres, negras e periféricas, perpetuando as desigualdades que tanto combatemos.

O aborto não é a solução para os problemas sociais e individuais. Ele deixa marcas profundas nas mulheres, tanto físicas quanto psicológicas. 

A Igreja Católica, por exemplo, oferece acolhimento e suporte a mulheres em situação de violência e vulnerabilidade. A igreja reconhece que muitas mulheres que recorrem ao aborto o fazem em situações de desespero e, em vez de julgamento, oferece acolhimento e compaixão, com serviços de apoio psicológico, social e material. 

É importante ressaltar que a Igreja Católica se opõe ao aborto, porém é a instituição que mais acolhe e oferece apoio às mulheres que passaram por essa experiência. 

Assim, é preciso construir uma sociedade onde a maternidade seja valorizada e apoiada. Reconheço que a luta pela autonomia da mulher sobre o próprio corpo é uma luta de muitas mulheres do nosso tempo.

Mas, em meio a essa luta, não podemos nos esquecer da voz daqueles que ainda não podem falar por si mesmos.

Acredito que é possível defender a vida e a mulher, com compaixão e respeito.

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